segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Guardanapo de Pano

Estão a ver o William Munny do imperdoável? Agora imaginem-no com menos 6 cm, com ombros e pescoço mais largos e com um ar mais duro. A pessoa de que vos falo é assim, ou pelo menos era, até que num fim-de-semana me surpreendeu.

Havia conhecido uma rapariga uns dias antes, a conversa começou com música e depois por aí fora .. a falar de outras coisas.

No dia a seguir já trocavam cds e sms ... até que, o rapaz decidiu levá-la de fim-de-semana com os amigos. Ele ia um pouco apreensivo porque os amigos não eram recomendáveis a se levar de fim-de-semana com uma rapariga.

Depois de uma longa viagem , lá chegaram ao destino.

A casa, vá lá, era assim kitch e os amigos , cansados da viagem não estavam a abardinar muito. Mas, entretanto veio a hora de jantar e o rapaz aflito , não sabia onde levar a rapariga a jantar naquele fim de mundo. Angustiado, só pensava onde é que iria desencantar um restaurante com guardanapos de pano .... e não é que arranjou.

A rapariga ficou um pouco surpreendida . Mal conhecia o rapaz e estava longe de o imaginar a jantar num restaurante tão fancy ( os amigos, por sua vez, estavam a ver a vida a andar para trás com a nota que iam ali largar).

A rapariga talvez tenha ficado um pouco desiludida. Tinha –se entusiasmado por um rapaz daqueles que jantam assim numa tasca qualquer na Rua do Possolo (ao pé da casa do Cavaco) . E agora vê-lo ali....não era isto que estava à espera.

Mas as surpresas estavam só a começar.... a conversa foi para restaurantes preferidos. O rapaz, sem deixar os amigos falar, começa logo por pedir desculpa à rapariga de a estar a levar a jantar a um restaurante onde o prato era “só “ 20 euros, pois ele não gostava“ de restaurantes em que cada ervilha que estivesse no prato custasse menos 2 euros”. Era sinal que o restaurante não era bom. (neste momento, os pindéricos dos amigos começam a morder os guardanapos de pano para não começarem a rir que nem porcos).
A rapariga já engasgada mas tentando manter a conversa , pergunta-lhe qual era o restaurante preferido dele. E ele responde que em dias especiais ( “como é por exemplo a sexta-feira por ser véspera de fim-de-semana”, disse ele ) , gostava de ir ao Tavares Rico . A rapariga já nem conseguia mastigar a vitela assada mas ainda lhe consegue perguntar o porquê de aquele ser o restaurante preferido dele. E ele depois de lhe explicar novamente o critério do preço da ervilha, diz-lhe que gosta dos lustres e das varandas (com isto, já não há guardanapo de pano que valha e os amigos atiram-se para o chão a rir).
(Então não é que a rapariga não percebeu que os lustres e as varandas era o que ele conseguia ver da Rua da Misericórdia quando lá passa a caminho das bejecas no Bairro-Alto....).

O jantar lá acaba , embebedam-se que nem uns porcos , cai o verniz e , apesar de ele se mostrar um dançarino exímio ( digno de alguém que frequentou um colégio na Suiça), ela percebe que se calhar, ele , afinal era um rapaz daqueles que costuma jantar assim numa tasca qualquer na Rua do Possolo ( ao pé da casa do Cavaco).....

Mas no dia a seguir , fica novamente confusa.
Já sóbrios, ela mostra-lhe as suas meias de ursinhos ao que ele , voltando a encarnar o homem carinhoso de gestos finos, diz-lhe “ Que quidas”.

Coisas de amor... vá-se lá perceber!

1 comentário: